Manoel de Barros: Poesia e Infância
Segundo Garcia (2006), Manoel
de Barros é um poeta da modernidade. Sua linguagem se inscreve na estética
modernista. Nascido em Cuiabá, no ano de 1916, escreveu
várias obras, entre elas: “Compêndio para uso dos pássaros”, “Gramática
expositiva do chão” e “Arranjos para assobio”, sendo “Livro sobre Nada”,
lançado em 1996 seu trabalho de maior reconhecimento. O escritor pantaneiro,
além de um estilo extremante singular, abusa do ludismo da linguagem; da
consciência criadora no interior da poesia.
A poesia de Manoel de Barros trata, em
especial, do ser humano, seus poemas estabelecem diálogo com o que temos de
mais característico: nossa sensibilidade. O autor trata a infância em seus
poemas, como uma dimensão criativa e essencialmente natureza subjetiva do ser
humano.
Assim,
ao transformar a lógica sintática e semântica das estruturas linguísticas,
Manoel de Barros institui uma lógica própria, uma pré-lógica e assegura o
desejo de volta a um estado primeiro e, sobretudo, ratifica a ideia de que a
poesia “tem a função de pregar a prática da infância entre os homens”. (BARROS,
1996, p. 311).
Para
Silva (2010), o poeta usa as falas de crianças como porta-vozes para se
aproximar-se ao mundo ilusionista da poesia, lá onde é absolutamente lícito
fazer brinquedo com a palavra e valer-se “como se ela tivesse acabado de
nascer, para limpá-la das impurezas da linguagem cotidiana e devolvê-la ao seu sentido
original" e para “restituir a virgindade a certas palavras ou expressões”
conforme declara Manoel de Barros a José Otávio Guizzo”. (BARROS, 1996, p.
310). Busca-se, pois, um processo constante de reinvenção da linguagem,
de desautomatização do discurso.
Na concepção de Manoel de
Barros, a criança e o poeta se assemelham pelo de fato de ambos fazerem uso da
linguagem como extensão do mundo não apenas vivido, mas também imaginado,
fantasiado. A esse respeito, afirma: “com certeza, a liberdade e a poesia a
gente aprende com as crianças. (Barros, 1999). Sob esse prisma, depreende-se
que Barros reconhece o valor da
linguagem e da espontaneidade da criança para a constituição de metáforas e a
invenção de novas configurações linguísticas.
Por essa razão, colaboradores
do Blog: Tcham, Tcham: Estou Lendo,
realizaram um interessante trabalho de leitura de poesias com crianças de uma
determinada escola da cidade de Goiânia que puderam inclusive ilustrar os
poemas com o objetivo de registrar suas percepções.
Confira abaixo os resultados:
Sinopse: O “Compêndio para uso dos pássaros”, de 1960,
divide-se em duas seções: “De meninos e de pássaros” e “Experimentando a manhã
nos galos”, em que se mantém constante a utilização de imagens repletas de
sensorialidade e o uso de construções linguísticas inovadoras.
Referências:
BARROS, Manoel de. Gramática expositiva do chão. Poesia quase toda. Rio de Janeiro:
Civilização
Brasileira, 1996.
MIRIAN THEYLA RIBEIRO GARCIA. Exercícios de ser humano. A poesia e a
infância na obra de Manoel de Barros. Dissertação de Mestrado. Universidade
de Brasília, 2006.
SILVA, Célia Sebastiana. Manoel de Barros: Lírica, Invenção e consciência criadora. Fronteira.
São Paulo, v. 01, p. 212-220, 2010.
Obras
de Manoel de Barros. https://www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=04323 Acesso em: 03/12/2021.
Produção final: Daniela Cardoso de Oliveira-
Graduanda em Pedagogia – IFG Campus Goiânia Oeste; Gustavo Olimpio
Rocha Leão - Graduando em Pedagogia – IFG Campus Goiânia Oeste.
Anexos:
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